quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Orgulho de Ser

                       

    Sobre o que é esse marcador “OnFormspring”? Bom, acho que vocês concordam que essa rede social é um lugar construtor e aperfeiçoador de ideias, através da amostra e muitas vezes discussão dessas. Então, em vez de expor em algum site as respostas consideradas machistas, nazistas, preconceituosas e etc. e difamar quem a fez, vamos expor as respostas boas e divagar sobre elas, mas não somente isso, vamos propor coisas variadas, não haverá um padrão.
    E hoje começaremos com duas respostas bem feitas, porém com ideias opostas, sobre a mesma pergunta. Preparado(a) para, quem sabe, ver sua resposta por aqui? Então, vamos lá.
A pergunta foi feita por mim (@deartiane) em 10 de dezembro e dizia:
"A gente tem orgulho das coisas que conquista, do que lutamos para ser/ter, você acha correto* afirmações como 'orgulho de ser branco' 'orgulho de ser negro'?"

Resposta 1: Ernesto von Rückert @wolfedler
Uma total idiotice. Porque ser negro não é melhor do que ser branco e nem ser branco é melhor do que ser negro. Como ser cristão não é melhor do que ser budista nem vice-versa, o mesmo se dando com todas as religiões umas em relação às outras e todas as raças. Da mesma forma ser mulher não é melhor do que ser homem nem vice-versa. Ser homo, hétero bi ou assexual não é melhor que nenhuma das outras possibilidades. Nem ser rico faz ninguém ser melhor do que quem seja pobre, como ser pobre não faz ninguém ser melhor do que quem seja rico. Ou ser forte, inteligente ou bonito não é melhor do que ser fraco, burro ou feio, pelo menos no que diz respeito ao caráter. Ou, ainda, ser capitalista ou comunista. Então se orgulhar de ser qualquer dessas coisas é uma rematada bobice. O que se pode orgulhar é do que se obtém pelo próprio esforço, como a cultura, ou, até, a riqueza, se tiver sido obtida pelo esforço, de modo honesto. Mas se foi uma herança ou fruto de roubo, de que se orgulhar?

Resposta 2: Tomie @siliprandit                                                             Conta recentemente suspensa.
Orgulho de ser negro é "correto" sim, orgulho de ser branco não.
Orgulho de ser negro, orgulho de ser homossexual, orgulho de ser mulher são para afirmar que você não se envergonha de ser o que é, por mais que a sociedade muito lhe julgue e lhe considera inferior. E é sim uma luta, de certa forma, pois fazendo parte de uma ou mais minorias quer dizer que sua vida foi e é mais difícil que as dos demais. Dizer que tem orgulho de ser de tal minoria é uma forma de empoderamento, penso eu.
Mas quando alguém diz que tem orgulho de ser branco, homem, heterossexual, está apenas provocando as minorias de forma muito infantil ou burra e isso é inaceitável. Não há do que se orgulhar quando és um privilegiado. Mas não há do que se envergonhar também. Quando apontamos esses privilégios queremos apenas que você os reconheça e entenda as injustiças que ocorrem com outros grupos da sociedade, para assim aos poucos as coisas mudarem.

Então, qual resposta te parece correta? Com qual você concorda?
        Na minha opinião, o problema todo de frases como "orgulho de ser negro", "orgulho gay", é que usaram uma palavra para significar outra. Faria sentido dizer, por exemplo, "não tenho vergonha de ser hetero/negro", pois o que penso que eles querem dizer é que, apesar de tudo que passam, apesar dessas qualidades serem desprezadas e inferiorizadas pelas pessoas, eles gostam de ser o que são.
        Sobre "gosto de ser branco/hetero", penso que a frase pode vir a ser inocente, não-preconceituosa, mas, sejamos sinceros e usemos o bom senso, muito provavelmente ela vai ser dita querendo significar "fico feliz em não ser negro/hetero".
    E você? O que acha?

    9 comentários :

    1. Que ideia ótima! Assim vocês também podem discutir com os usuários do Formspring.me. Estou amando esse Blog! <3 Já está nos meus favoritos, desde o primeiro post! Continuem assim, meninas. SUCESSO! Por: @eternasonhadora.

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      1. Muito obrigada, Maria Clara! Ficamos alegres de saber que você está gostando do blog e acompanhando nossas postagens. <3 Obrigada pelo incentivo, estamos tentando fazer sempre melhor. Volte sempre sempre. ♥

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    2. Concordo com a resposa 2. A história (claro, feita pelos homens e mulheres) criou os pré-conceitos. Na adianta eu ou a pessoa "x" acreditarem na igualdade e, como um passe de mágica, seremos aceitos de forma igual.

      As diversas formas de colocar em "xeque" essas opressões, dentre elas os tensionamentos realizados pelos setores oprimidos (negros, homos, etc.) é que irá, pouco a pouco, ir realizando o combate ideológico rumo a igualdade. Contudo, o combate também precisa (principalmente) ser concreto, material. Mas aí já é texto para outra conversa.


      [ ]´s!

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      1. Você concorda que orgulho é a palavra certa? Eles não lutaram para ser negros, por exemplo, mesmo que lutem contra o preconceito isso não faz a característica deles conquistada. Penso que a ideia está certa, mas a palavra confundida, como eu disse no final da postagem.
        Obrigada pela seu comentário e opinião, Fabrício, volte sempre!

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    3. Discordo totalmente do Fabrício. Para acabar com todo preconceito e desigualdade o que se tem que fazer é agir como se ele não existisse em todas as instâncias. O embate, pelo contrário, os exacerba.

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      1. Não entendo, Ernesto. Como ignorá-lo pode ser o melhor jeito de combatê-lo? E isso serviria também para toda ideia que queremos combater? Como o machismo, por exemplo? Se não, por que não? Obrigada.

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      2. Poxa, Ernesto, esse argumento do Morgan Freeman...

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    4. Sim, concordo com ele nesse aspecto. Em minha vida toda nunca considerei uma pessoa diferente da outra por ser preta ou branca, mulher (exceto no aspecto estritamente sexual)ou homem, pobre ou rica, feia ou bonita, velha ou nova, burra ou inteligente, fraca ou forte, homo ou hetero, crente ou atéia. Mas sim se fosse boa ou má, competente ou incompetente, diligente ou preguiçosa, honesta ou desonesta, generosa ou egoísta. Essas segundas, eu sempre desprezei e nem levava em consideração. Estou firmemente convencido de que a melhor maneira de acabar com todos os preconceitos é agir considerando que eles não existem mesmo. Caso se apresente uma situação de preconceito, denunciar de pronto a fazer um banzé. Para aquele caso. Mas a militância ostensiva de provocação por parte de quem seja objeto de alguma discriminação em relação ao grupo de que seja discriminado, de modo genérico, para mim, é tão discriminatória e ofensiva quanto a discriminação sofrida. Para começar, exemplificando a discriminação contra negros, nem todo não negro é preconceituoso. Usar uma camiseta escrito "orgulho negro" traz o preconceito de que ser negro é melhor do que ser branco tanto quanto usar uma camiseta escrito "orgulho branco" o faz. Ambas são preconceituosas. Não consigo pensar de outro modo devido a minhas convicções profundamente igualitárias. E mais. Acho que é prejudicial ao trabalho de se acabar com o preconceito. Isso vale para homossexuais, polígamos, mulheres, ateus, idosos e qualquer outra categoria discriminada.

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      1. Concordo e sempre concordei que combater preconceito com preconceito, machismo com femismo, crença fervorosa com crença fervorosa é uma contradição, mas combater essas coisas com a ideia de igualdade, e não de superioridade, não seria não só efetivo como também o mais plausível a se fazer?

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