domingo, 30 de dezembro de 2012

O Cerco da Insanidade

Adam Lanza
Sobre a matéria "Um novo cerco à insanidade", publicada pela revista Época em 24/12/2012.

O subtítulo da matéria é bem revelador sobre o conteúdo da mesma. Ele diz: "A morte de 20 crianças no massacre de Newtown pode ser o estopim para a aprovação de leis que restrinjam a venda de armas de fogo nos EUA". Em seu desenvolvimento, expõe aos leitores a necessidade do controle de venda de armas de fogo nos Estados Unidos, em decorrência das últimas tragédias.

A própria matéria contém um quadro com exemplos de ocorrências parecidas. Me admira a superficialidade com que o assunto foi tratado e como se espera a mesma alienação dos leitores. Havia descrições dos massacres na página, e o jornalista responsável pelo artigo talvez tenha se esquecido da primeira lição sobre investigação: é essencial achar os elementos comuns. Em todas as referidas situações, os jovens entraram em escolas e, após cometerem os crimes, matam a si mesmos. Esse lugar comum revela que, ao contrário da análise simplória de que "países em que a venda de armas foi controlada possuem menores índices de homicídios", o problema se refere ao próprio sistema de educação do país.

Todos nós já nos deparamos com situações constrangedoras quando somos crianças e nos encontramos no convívio escolar. Mas sabemos, também, como a situação do bullying é tão mais descontrolada nos EUA, onde os níveis de humilhação do indivíduo chegam comumente a agressões físicas e psicológicas. Tratar o caso de Adam Lanza como "problema neurológico" - sob as palavras da própria revista - é ignorar as situações inadmissíveis às quais essas crianças são expostas todos os dias. A recorrência de crimes semelhantes não se constitui da venda liberada de armas; é simplesmente auxiliada por esse fator. Enquanto não encararem a realidade escolar atual de seu país continuarão a surgir indivíduos moldados sob os parâmetros da opressão. Esses jovens são apenas retratos do que a passividade de autoridades pode gerar.

2 comentários :

  1. Partir do imediato para o mediato é um desafio para os sistemas políticos democráticos.

    Aumentou a criminalidade? Contratemos mais policiais. A educação vai mal? Criemos um indíce nacional para avaliação. E por aí seguimos, "tapando o sol com a peneira".

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    1. Exato. É mais fácil limitar as maneiras, ao invés de trabalhar nos porquês.

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